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A Rota da Seda

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Com o início do Outono chegam-me sempre imagens dos caminhos percorridos pelos comerciantes de seda, talvez porque nesta altura também eles tinham de definir novas rotas para ultrapassar as intempéries e os diferentes obstáculos naturais para não minimizarem os riscos de perderem as suas mercadorias.

O outono é tempo de perdas e ganhos, tempo de conclusões e resumes e tempo de inícios.

Afinal não será à toa que as árvores perdem as suas folhas nesta altura do ano, ganhando nova vida e novas forças para a estação mais rigorosa que aí vem.

As folhas começam a ficar douradas, acobreadas e finalmente bronzeadas, e estas cores fazem do dia uma festa permanente; a vida parece um rodopio de folhas a cair das árvores, é uma agitação permanente a cada sopro de ar

Os dias começam mais tarde e acabam mais cedo; apesar das horas continuarem iguais. Dá vontade de esticar mais um pouco o despertador e esquecer aquelas rotinas matinais que alguém achou por bem ser sempre à mesma hora do relógio, e não do dia.

Começar de véspera!

Para mim não existe vida antes das 7h (am) e gosto de acordar com o sol baixinho para não ofuscar o meu sono, e isso, já vou conseguindo nestes dias que prometem o Outono, estes dias de sol baixo e luz que não encegueira.

Por outro lado, não gosto de sentir sono ainda com a luz do sol a esconder-se (sim, porque, sentir sono pelas 10h da noite não é algo assim tão anormal), nem sentir que tenho de trabalhar mais uma horita ou duas, só porque ainda é dia lá fora.

Recomeçar

No meu quintal as cores enchem os olhos, sem precisarem do sol para serem quentes e peganhosas como um gelado que se derrete. Os cheiros invadem o dia; breve, breve, será o cheiro reconfortante da lareira que adocica este início de Outono. Não serei só eu a acender a lareira antes de ser realmente preciso.

E depois há todos estes inícios que o Outono nos traz; são as aulas, é a retorno laboral, as fábricas em pleno, os juízes que voltam aos tribunais e o futebol … bem, esse já começou mais cedo. É o preparar um novo ano, o adaptar as novas rotinas, novos horários para que os dias se façam mais em concordância com a estação.

Hoje (dia 23) é o primeiro dia de Outono; uma estação que representa equilíbrio, renovação, recomeço. Época de desenhar novos projectos e encerrar assuntos antigos, deixar cair, tal como caem as folhas das árvores. Fazer avaliações, balanços e novas promessas (e eu que nem faço promessas). Fechar o guarda-sol, deixar a esplanada, a cerveja e os tremoços e recolher a casa mais cedo para reflectir e repensar, olhar para dentro e deixar entrar a energia revigorante e o canto chilreante dos pássaros.

É tempo de tirar as castanhas de dentro dos ouriços e colocá-las a saltar no lume, calcar as uvas que vão aconchegar o final das tardes e espremer as azeitonas que irão acender as lamparinas no início da noite.

É altura de começar a preparar o Natal!

É altura de escrever poesia!

Nós funcionamos de forma diferente em cada estação. No Outono somos mais empáticos, apesar de estarmos mais virados para dentro, para nós, para os nossos compromissos e metas, estamos mais ligados ao exterior, ao ambiente, aos outros que nos rodeiam.

Pensa só; em pleno Verão um colega do teu trabalho chega 2 horas atrasado ao emprego e dá uma desculpa para o sucedido. Seja o que for que ele diga, na tua mente só existem mergulhos matinais em águas cristalinas e espraiadelas em areias cálidas! E inveja a cobrir todo o teu raciocínio e discernimento. Então se ele tiver de sair mais cedo para ir ao médico tu só consegues imaginar um Porto tónico na esplanada mais próxima com vista mar.

Se isso acontecer no outono, até vais sentir pena dele, a empatia sobe-te aos lábios “coitado”, ficar sem carro neste dia tão cinzento, com chuva, com frio … Não admira que esteja doente, é melhor mesmo ir ao médico ver o que se passa.

Ser mais produtivo

Alguns estudiosos descobriram que o início do Outono torna-nos mais produtivos (espera até chegar o Inverno e isso já muda – diz um estudo da Universidade de Toronto), e as empresas têm índices mais elevados nesta altura do ano, sendo mencionado inclusive que, para aqueles que querem iniciar um novo negócio, abrir uma nova empresa, esta é a altura.

Afinal, não ficas a olhar lá para fora, num dia radiante de sol, com vontade de dar um passeio à beira mar, meter os pés na areia, afundar os olhos no mar …. E o trabalho sem sair do lugar.

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Nesta altura do ano olhas em frente e redefines metas e objectivos porque sabes muito bem que tens de começar a delinear os teus desejos de novo ano, mas para isso, ainda tens alguns para acabar este ano.

Talvez seja também este fim de ano que se aproxima que nos faz andar a 120%, como se o tempo já estivesse curto e tivéssemos mesmo de produzir e fazer mais e mais.

Se tudo à nossa volta muda, seria de esperar que também nós mudássemos, e na verdade mudamos, no entanto continuamos a pensar que as rotinas devem manter-se iguais, o despertador deve tocar à mesma hora e o dia termina, igual a um dia de verão.

Há um estudo Belga (de 2016) que concluiu que o cérebro funciona de forma diferente para desempenhar as mesmas tarefas cognitivas, dependendo da estação do ano.

Mas não te esqueças de manter em estado de alerta porque depois do Outono chega o Inverno, e aqueles dias frios, cinzentos e deprimentes e aí, ninguém sabe muito bem por onde se esconde a sua produtividade e os altos índices de desempenho.

E era nesta altura do ano que os comerciantes da seda, obrigados a parar, se dedicavam à criação de novos produtos, como artesanato e obras de arte, que seriam comercializados quando as condições climatéricas melhorassem.

Criar em cada estação

Criar tem tantas formas de se revelar e, se uns gostam de criar e desenvolver novos projectos criativos na morbidez de um dia de Inverno, outros precisam da luz morna de um dia de Primavera.

Eu? Prefiro mesmo o Outono para seguir na minha rota da seda sendo que esta, permanece sempre como um lembrete poderoso da capacidade que todos nós temos de nos adaptarmos e florescer face às mudanças que nos surgem, independentemente da estação do ano.

Já sabes o que vais criar de novo nesta estação?

Eu acho que vou escrever, olhando para a rota da mudança!

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